Eu amo te ver assim, quieta, inerte, com essa expressão vazia, com esses olhos cor de café, antes alegres e tristes, monótonos e interessantes, agora reduzidos a simples órgãos inúteis.
Amo observar a gota carmim que desliza sobre tua face até chegar ao teu queixo, passando sobre essa pele fascinante, até que, sonoramente, cai no piso de mosaicos.
Amo ver teus óculos, tu ficavas tão linda quando usava-os em vida, eles refletiam teu caráter, tua beleza, eram um elemento que fazia parte de ti, e me encantava ver-te com eles a cada manhã.
Meu olhar se desvia do teu rosto, dos teus olhos, do teu cabelo, que bem poderia se passar por seda, por teus lábios, que ainda que não sejam mais vermelhos, conservam a suavidade do algodão que jamais foi tocado.
Agora enfoco teu corpo.
Tua figura, que parece esculpida em mármore, tua cintura desenhada, teu abdômen liso e impuro, teus ombros delicados e tuas costas perfeitas, sempre me perguntei por que nunca te deste conta do corpo perfeito que tinhas?
Tuas pernas magrinhas, teus pés pequenos e delicados, teus joelhos levemente marcados com algumas finas cicatrizes, certamente oriundas de alguma brincadeira quando eras menor, realmente, agora me dou conta de que eras uma estátua viva.
Nem Persefoné, rainha do submundo, nem Isis, deusa suprema do Egito, nem nenhuma figura antes esculpida se pode comparar à ti, tu és a beleza encarnada, tu és a poesia em movimento.
Ainda que agora estejas aí, quieta, em uma enorme poça de sangue, sigo pensando que és, foi e serás, a mais bela que conheci.
Como pôde me forçar a isto?
Como pôde me forçar a te causar a dor que jurei e perjurei que jamais te causaria?
Juramentos, também os odiava, acreditava que eram falsos e perversos, e assim se mostraram, no final.
Agora, meu olhar se desvia à minha mão direita, a qual segura uma lâmina curva, prateada e fria.
A passos lentos me aproximo do teu corpo, me inclino, toco tenebrosamente teu rosto com minha mão suja de sangue, com muito cuidado, já que não poderia suportar causar-te mais dor.
Com uma nova descarga de adrenalina, seguro firmemente a lâmina com ambas mãos o a cravo em meu peito.
A pontada de dor que sinto é terrível, mas agora, e só agora, tudo ficará bem.
Com minhas últimas forças, arranco a lâmina de meu peito e a coloco junto com tua pequena mão, ao tocá-la ainda consigo expressar um fraco sorriso.
Adeus, espero que chegues ao teu paraíso, enquanto eu, eu desaparecerei no nada.
Tu não deverias ter contado aos outros, pequena, de quando te toquei. Ser teu professor foi a melhor coisa que me aconteceu nesta vida, e tocar teu corpo macio, foi a sensação que me fez desistir da vida, se não fosse para viver eternamente ao teu lado.
Minha querida, eu te amo.
10 de dez. de 2013
Creepypasta:Sigma
Postado por Felipe às 12:48
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