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13 de dez. de 2013

Especial Sexta-Feira 13: Pesadelos

Começou aquela noite. Eu pisava no freio como quem mata um inseto que detesta e repudia, com raiva e desespero, mas o carro não dava nenhum sinal de que iria responder ao comando do meu pé. A estrada estava escorregadia e molhada,os trovões ecoavam pelos ceús , a chuva batia contra o chão como tambores de uma tribo indígena e a escuridão era imensa. Então vi duas luzes gigantescas vindo em minha direção, pareciam faróis de um caminhão. As luzes vinham com velocidade máxima e faziam com que eu ficasse ainda mais desesperado. Então a luz chegou a mim e o pesadelo se desfez assim como todas as noites que ocorria coisas estranhas enquanto dormia.
Acordei suado, o dia estava claro e com pássaros cantando soavemente diferentemente do pesadelo .
-Levante-se Paul! Hoje é segunda-feira,dia de aula.- Disse para mim mesmo, ainda eufórico.
Levantei-me cuidadosamente de minha cama e fui em direção à cozinha onde estava meu padrasto.
-O que tem hoje para o lanche Carl?- Sentei em uma das cadeiras desalinhadas em frente á mesa.
-Carl? Não me chame assim! Prometi a sua mãe que o trataria como filho, mas vejo que você que complicar as coisas por aqui…- Ele apenas me repreendeu, olhando-me com negação.
-Tudo bem. PAI, o que tem hoje para o lanche? – Tentei parecer o mais forçado possível .
-Agora sim melhorou! Eu tento te agradar Paul, você sabe disso o problema é que nunca serei igual ao seu pai.- Ele suspirou.- Sou um homem de negócios, enquanto seu pai trabalhava esforçadamente cuidando de gados e de lenhas na fazenda. Foi pro isso que ele morreu. Dirigindo em uma estrada escorregadia para salvar seus gados inúteis e bateu em um caminhão. – Carl deu pequenas risadinhas enquanto falava.
Eu não gostei daquilo. Odeio falar sobre a morte do meu pai.
- Hoje tem Bacon com ovos e panquecas, FILHO. – Pareceu também forçado, como se fosse apenas para agradar minha mãe.
Sentei-me à mesa e saboreei cuidadosamente o lanche, estava uma delícia! Até mesmo esqueci que Carl insultou o trabalho de meu pai. Eu odiava o Carl ,desde a época que ele “consolava” minha mãe após a perda. Minha mãe trabalhava com Carl fazia muito tempo.
- Paul, hoje voltarei às 22:30 da noite. Preciso de tempo para olhar alguns documentos no escritório… – O interrompi de imediato.
- Tudo bem Carl, eu já acostumei-me a ficar sozinho. – Olhei ao relógio,marcava exatamente 10:30 da manhã, então disse:
- Preciso ir Carl,estou atrasado para escola.
*
A escola foi aparentemente normal, as horas estavam passando mais rápido do que os outros dias. Levantei minha mão para chamar a atenção da professora.
- O que quer Paul?
- Posso ir ao banheiro, Professora? – Disse receoso ,já que tenho pavor dela, a professora Marta.
- Tudo bem ,mas vá logo, preciso explicar conteúdo novo! – Disse num tom raivoso segurando sua palmatória.
Assenti as palavras da professora e fui ao banheiro. Abri a porta cuidadosamente e entrei em um dos boxes.
- Ahh! Que alivio – disse a mim mesmo enquanto me aliava.
Ouvi barulhos de repente.
- Quem está ai? – Nenhuma resposta.
Resolvi espiar por debaixo da porta. Vi pernas de uma garota descalça e suja, suas roupas eram brancas e estavam descuidadas, tinha longos cabelos louros encaracolados que desciam até seus ombros, mas a coisa mais aterrorizante que notei nela eram seus olhos. Seu olhos. Mal eu pude acreditar, eles não tinha orbitas! Eram apenas a escuridão total que me vigiava.
Passei por ela com toda minha velocidade, cai antes de chegar a porta e olhei para trás onde estava sua presença. Ela continuou a me olhar fixamente e disse:
-Paul não durma! NÃO DURMA!
Como ela sabia meu nome? Foram as ultimas palavras dela antes que eu abrisse a porta e corresse com toda minha velocidade a sala de aula. Resolvi não contar a ninguém sobre o incidente, todos pensariam que eu era um louco e isso definitivamente não seria algo bom. Fiquei a aula toda pensando no que me ocorrera dentro do banheiro a alguns minutos atrás, mal pude me concentrar no que a professora dizia.
*
Cheguei em casa e tudo estava em silêncio. Caminhei em direção ao meu quarto para tentar dormir. Realmente não confiei naquela menina de olhos estranhos.
Então adormeci e o sonho começou.
Desta vez eu estava em uma espécie de fábrica ou usina, tudo ocorria bem não ouvia sequer um barulho. O chão gelado e acima de mim passarelas de metal enferrujadas. As janelas eram quadradas e algumas quebradas e a claridade do luar iluminava as poucos o local
-Alguém está ai? – Nenhuma resposta.
Deparei-me com um corredor gélido e sombrio. As paredes estavam escrito a sangue “Você nunca escapará. Nunca.” Continuei a andar e ao fim do corredor pude perceber uma sala com estranhas iluminações, alguém estava ali. Abri a porta e vi o que parecia ser um cara com a cabeça de bode segurando uma foice e ele estava assistindo um canal de TV preto e branco, repetindo as mesmas cenas de 5 em 5 min. Ele virou sua cabeça em minha direção, seus olhos eram negros e frios.
- Eu estava te esperando, Paul. – Disse o homem bode numa voz ríspida.
- Q-Quem é você? – Tentei soar confiante, mas minha voz falhou e gaguejei.
- Você não me reconhece, Paul?Sou eu o Senhor dos pesadelos, pode chamar-me de Malau!Há Há Há – Sua risada era diabólica.
- Eu nunca vi você em toda minha vida!
- Claro. Eu nunca apareço para os mortais, mas eu sempre estive ao seu lado, garoto. Nos momentos tristes, nos momentos alegres. Em todos os momentos de sua vida. Eu analiso seus medos e os transformo em pesadelos.
- Eu não tenho medo de nada! – Tentei ser corajoso, mas isso apenas fez a criatura levantar-se.
- Todos tem medo! Seres vivos mortais tem o medo como forma de proteção é um extinto natural.
- Por que está me prendendo aqui? Por que estou nesse pesadelo infernal?
- Como você sabe, o “assassino” do seu pai nunca foi encontrado e fugiu logo após o acidente e você se culpa até hoje por isso, não é mesmo?
- Onde você quer chegar? – Olhei com ódio para ele, talvez ele mesmo podia ser o assassino.
- O fato é que eu posso ajuda-lo a encontrar a resposta que tanto procura, mas tem um porém.- Ele me olhou maliciosamente.
- Que “porém”?
- Você precisa me ajudar também. Quero que faça 3 tarefas super fáceis…
- Quais tipos de tarefas? – Questionei o demônio a minha frente, já não sentia mais medo.
- Enfrentar seus medos, como você mesmo diz que não tem medo, vamos provar agora. Serão 3 tarefas e se você passar por elas, quem sabe eu posso te falar quem estava dirigindo o caminhão no dia do acidente em que seu pai morreu.
- Tudo bem , eu aceito.
Então a parede atrás da criatura transformou-se em uma porta grande. Uma porta muito grande totalmente negra e em formato de um arco. Eu fiquei apenas a fitando durante um bom tempo sem ter a menor ideia do que fazer.
- O que está esperando, Paul? Caminhe até a porta. Ou você não quer saber quem matou seu pai? – Suas palavras foram bastante persuasivas. Assenti as palavras do Bode e direcionei-me a porta.
Quando abri senti um vento forte soprando em meu rosto. Senti como se meu corpo fosse dilacerado por inteiro. Um vórtice gigante me puxou para dentro dele e então cai no chão. Acordei em uma escuridão total, parecia um quarto de criança, eu acho… que já estive lá antes! No meio da escuridão, vi um pônei balançando lentamente e alguém sentado nele. Não pude reconhecer quem estava comigo, apenas sabia que era uma garotinha. Uma garotinha que eu já tinha visto alguma vez…. Os olhos amarelinhos iluminavam o quarto, olhavam diretamente para mim sentado no chão.
- Quem é você?- Indaguei.
- Você não se lembra de mim? Eu lembro de você, Paul. No dia em que brincamos sozinhos na rua. No dia em que eu e você andamos de bicicleta, lembra? No dia em que o carro me atropelou, você correu e deixou eu lá em caída no chão em meio a lama e sangrando…
- Katie não foi minha culpa. Desculpa! – Disse choramingando
- Agora você vai morrer…. Você vai pagar por não ter me ajudado!
Então os olhinhos amarelos desapareceram entre a escuridão. Estava encurralado, não sabia onde estava e muito menos o que Katie planejava fazer comigo.
-Eu não tenho medo de você! – Disse com toda autoridade e coragem possível- EU NÃO TENHO MEDO DE VOCÊ!
Então ouvi um sorriso atrás de mim.
- Muito menos eu de você. – Sua voz soou baixinha em meus ouvidos, ela estava me testando.
Virei-me com todas as forças possíveis para atingi-la e consegui. Senti minhas mãos tocarem algo sólido, uma fumaça negra e então a visão distorceu-se. Eu destrui Katie!
Senti como se um tornado ou vórtice me puxasse novamente. Acordei desta vez em minha sala de aula, a professora Marta estava em pé na minha frente.
-Olá Paul, como está? – disse num tom sarcástico.
-O que quer de mim?- Perguntei, assustado.
-Quero sua vida.- Depois de dizer estas palavras, rio escandalosamente.
Das suas costas começaram a nascer grandes asas vermelhas, seu rosto começou a empalidecer e seus olhos antes castanhos tornaram-se formas  Totalmente negras. Ela, literalmente, voou em minha direção. Tive um reflexo apurado, desviei no momento em que suas garras estavam prestes a tocar em meu rosto.
-Porque você tem medo de mim, Paul?
-Odeio matemática! E você causa calafrios.
Ela golpeou novamente, mas antes de acertar-me, girei meu corpo ao lado e suas garras acertaram o chão. Levantei-me rapidamente antes que ela tentasse me acertar novamente, então corri em direção aonde guardava sua palmatória. Ela virou-se a mim e disse:
- O que vai fazer com meu brinquedinho, garoto?
Ela voou novamente em minha direção e então antes de me acertar, virei-me ao lado e acertei em cheio a sua cara. Cuspi ao chão e disse:
- Odeio você, sua babaca.
Novamente o vórtice sugou-me para dentro e desta vez acordei no local onde iniciei minha jornada. Estava de frente ao homem bode . Ele sorrindo disse:
-Você terminou suas tarefas, parabéns!- Me parabenizou falsamente.
- Mas não eram três?
-Sim, você completou as duas tarefas que pedi, mas ainda faltam uma,  não é? É agora que revelarei quem foi o assassinato de seu pai.Você tem medo de saber quem foi que o matou. Essa será sua ultima tarefa!
- Então quem foi que estava dirigindo o caminhão naquela noite?
-Foi seu padrasto, Carl!
Fiquei paralisado, sem saber o que fazer. O homem que matou meu pai simplesmente foi meu padrasto! Eu não acreditei, fiquei parado olhando para o tempo tentar não acreditar no que ele dissera agora pouco.
-Chegou sua hora Paul, está na hora de acordar!
*
Acordei suando frio, e se aquilo tudo o que sonhei fosse verdade? De qualquer forma o demônio disse que Carl estava dirigindo o caminhão naquela noite. Eu não posso perdoa-lo. Ele tem que pagar pelo o que fez. Esse homem saiu impune e ainda arranjou coragem de casar-se com a mulher do homem que matou.
Olhei para o relógio que marcava 22:28 da noite e logo,  logo Carl chegaria em casa. Desci as pressas a escada, peguei uma faca na cozinha e esperei ele chegar.
-Paul, cheguei em casa!
Sua voz me enojava, estava pronto para o ataque. Ele abriu lentamente as portas da casa e eu o peguei de surpresa. Enfiei a faca em sua perna e ele caiu ao chão choramingando de dor.
- Como foi matar meu pai? Seu idiota!
- Paul, eu posso explicar! – Sua voz soou confiante.
- Aquela noite eu queria matar seu pai! Eu sempre amei sua mãe e sempre amarei, mas… ela gostava de seu pai e não o largaria de jeito nenhum. Então, eu fui com meu caminhão em direção ao carro de seu pai, já que sabia que ele estava em direção à fazenda para salvar o gado, pulei fora e vi apenas a batida e a explosão! há há há
-Agora você vai pagar pelo o que fez!
Chutei-o no rosto e ele desmaiou ,amarrei ele a cadeira e então o torturei. Cortei seu rosto e seu corpo lentamente em vários pedaços. Subi ao banheiro, peguei o álcool que estava no quarto de minha mãe e joguei dentro da banheira.Voltei ao Carl levei-o acima e o derrubei dentro da banheira. Seu corpo cheio de cortes começou a arder e ele gritou de dor. Joguei o fósforo dentro da banheira juntamente com Carl e ele pegou fogo ,fechei a porta e sai.
Ouvi sirenes de policia chegando e eu apenas fiquei ali, sentado no gramado, enquanto ouvia os gritos de Carl na casa em chamas…

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