Ninguém se salva
Do naufrágio da própria alma.
Quisera que o mar do não-ser
Em fulminante amplexo
Tivesse me levado da vida
Mas não fui eu a escolhida.
Foi assim
Que a última centelha se esvaiu.
Na fria tenaz de um fórceps
Vítima da orgia genética
Jaz nesta sala acética
Meu pobre filho sem nome.
Morreste
Na mesma negra ignorância em que nasceste.
Voltaste ao nada e nada foste
Senão a experiência malfadada
De um deus louco varrido.
O primeiro vagido
Foi teu último suspiro de vida
Inocente condenado
A ser uma corruptela de humano
Minha pobre criança mutante
Teu corpo com duas cabeças
Enfeitará a estante
Do laboratório de anatomia.
23 de jul. de 2013
O Retrato do Bebê
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