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12 de mai. de 2014

Os Portadores

30-O Portador do Fogo 

Em qualquer cidade, em qualquer país, vá para qualquer asilo em que você possa entrar. Quando chegar à recepção, peça para visitar alguém que se chama "O Portador do Fogo". O trabalhador vai olhar impassível para você por muitos minutos antes de apontar, em silêncio, a porta atrás de você. A porta não estava lá, e ninguém ao seu redor vai nota-la. Aproxime-se da porta e feche os olhos antes de agarrar a maçaneta. Você precisa bater apenas uma vez. Se o metal esfriar de repente em sua mão, corra. Corra para longe, saia da cidade, do país. Só espero que tenha sorte o suficiente para escapar, pois, o que vai te acontecer só as almas no inferno podem compreender.

Se a maçaneta começar a esquentar segure-a firmemente, mesmo que ela comece a queimar sua mão. Eventualmente, a dor vai parar. Uma vez que isso ocorrer, abra seus olhos. Você estará em um pequeno jardim, iluminado pela luz da lua cheia, e cercado por muros de pedra. À sua esquerda verá uma lagoa. Não olhe diretamente por muito tempo para a água, pois nela reside uma multidão de terrores que espreitam e anseiam por capturá-lo e afogá-lo, tornando-o um deles para o resto da eternidade. À sua direita verá uma pira funerária, ainda não acesa.

Ande exatamente cinco passos em direção à pira. Não me pergunte o porquê. Você vai encontrar o cadáver de uma criança macho castrado, os braços cruzados sobre um frasco de mercúrio. Não diga nada, apenas pergunte: "O que causou sua imolação?".

O corpo não se moverá, mas a pira vai incendiar-se a sua própria vontade. Assim como os arbustos, a grama, as árvores e as flores ao redor dele. A cor das chamas irá mudar, desde as cores normais de fogo, para o vermelho do sangue derramado na hora, para o verde de infecção e doença. A lagoa vai secar, a água em si queima com um calor escaldante, enquanto as almas dos condenados ascendem para cima no vapor, uivando sua ladainha de maldições sobre você.

Assim que a primeira maldição atingir seus ouvidos, você deve convocar sua coragem e começar a rir. Em voz alta, acintosamente, com arrogância, mas não em voz baixa. Se as pragas tornam-se mais veemente, você está seguro. Se eles pararem, em seguida, jogue-se na pira para escapar de um destino muito pior que lhe aguarda.

No meio da pira, o cadáver vai sentar-se calmamente, consumido totalmente em chamas, e vai lhe ofertar o frasco quesegura. Você deve continuar a rir, e cruzar os braços. Você não deve aceitar este presente agora.

O cadáver vai abrir a boca, e se você tiver sorte, o que você vai ver em suas profundezas não vai deixar você rindo na loucura para o resto de sua vida mortal.

O frasco vai cair, quebrar e derramar o seu conteúdo sobre os restos enegrecidos de grama enquanto as chamas se apagam. Tudo vai ficar em silêncio. A seus pés estará uma nova flor, seu caule duro e espinhoso, suas pétalas pintadas com as cores do fogo do inferno e da condenação. Escolha-a e você vai encontrar-se longe, de volta na porta de entrada do asilo.

Esta flor é o 30º objeto de 538. “Ela vai queimar-se profundamente em sua alma, e acenderá o fogo da loucura”.

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