- Você está morta.
- Eu pareço morta?
- Não… não mesmo.
- Obrigada. Como está ficando o quadro?
- Ansiosa?
- Ansiosa? Hahahaha! Nem um pouco querido. Esse quadro irá ficar exatamente como todos esses outros espalhados pelacasa.
- Estou numa fase difícil, não eche.
- Percebe-se. A casa está caindo aos pedaços, imunda. E pior! Olhe para você!
- Não.
- Ah querido, desculpe se estou te aborrecendo.
- Tá.
- …
- …
- O que foi querido?
- É que eu… não lembro como era o seu rosto.
- Como assim? Estou na sua frente.
- Não te vejo.
- Me ouve?
- Na minha cabeça.
- Que alívio.
- Deixa o quadro pra lá. Não sou mais pintor, não adianta.
- Está igual os outros!
- Pois é.
- Que tal passearmos um pouco?
- Não.
- E que tal ligar para um amigo?
- Não tenho amigos.
- Oras! Todos tem amigos.
- … você é minha amiga.
- Isso é triste querido.
- É a vida.
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