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7 de jun. de 2014

O Plano

A porta da sala se abriu, e os olhos de Alexandre percorreram lentamente as paredes vazias até que pararam nos homens que adentravam, ambos de terno preto, homens de boa aparência mas que escondiam segredos tenebrosos, segredos esses que eram os causadores das profundas olheiras arroxeadas que contornavam os olhos do Alexandre, fadado a carregar um fardo demasiadamente pesado, pelo resto de sua vida.
O silêncio durou pouco mais de trinta segundos, enquanto trocavam olhares, por fim, um dos homens se concluiu:
- Isso vai acabar logo, eu prometo.
- Foi o que você disse da última vez - retrucou inconformado, o Alexandre.
- Tenha consciência de que você nos prestou um grande favor, e isso não será esquecido.
- Mas eles não se esquecem de mim - contestou Alexandre, agora levantando as mãos à altura da cabeça - volta e meia falam de mim nos noticiários.
- Você sabe que leva tempo pro povo esquecer uma coisa dessas, nós estamos fazendo o possível...
- Sempre fizemos dessa forma e deu certo - interrompeu já impaciente o outro homem, dando um basta na discussão.
- E o que vocês vieram fazer aqui? - Alexandre se acalmou.
- Viemos te buscar novamente, voltaram a falar de você semana passada, temos que mostrar que você ainda está preso, depois te traremos de volta.
Tudo bem.
Os três saíram da mansão num Sedan preto importado, e em poucos minutos chegaram a uma pista de pouso particular, dali seguiram viagem até a delegacia. Ao chegar, um carro do mesmo modelo que o anterior já os esperava, e não tardou pra que chegassem ao destino. Rapidamente colocaram Alexandre em uma cela e saíram.
No corredor, na ausência de Alexandre, um dos homens comentou com o outro.
- Está difícil pro povo esquecer esse assunto...
- Também, nós exageramos na repercussão dele.
- É mesmo, já ta na hora de acontecer alguma coisa pra atrair atenção do povo.
Chegaram perto de um diretor de jornal e disseram:
- Tudo pronto, Carlos, pode deixá-los entrar.
Assim que o tal Carlos abriu a porta e fez o sinal, uma multidão de jornalistas entrou na delegacia, e logo Alexandre veio algemado e conduzido por alguns guardas, e uma escolta atrás dele para evitar a revolta da população. Ao sair porta afora, o povo começou a gritar enfurecido.
"MONSTRO!"
"DEMÔNIO"
"LIXO"
E diversos outros xingamentos. Alguns cuspiam, outros tentavam furar a escolta para agredi-lo mais que com palavras.
Alexandre se mantinha de cabeça baixa o tempo todo, eram suas ordens: não demonstrar nenhuma reação. Mas em sua mente, pensava: "eles não sabem pelo que eu estou passando"; "eles não sabem a terça metade do que eu sei"; "se soubessem, não estariam me condenando dessa forma"; "eu sou tão vítima quanto ela"; "acham que eu não a amava? Eu teria ido no lugar dela se pudesse" ; "mas eles queriam ela" ; "e se eu não obedecesse seria pior pra todos".
Quando ele entrou no outro carro e a porta foi fechada, um dos homens que o trouxera estava sentado ao seu lado.
- Eu sei, Alexandre, sei o que você está pensando. Logo vai passar, já temos um novo fato para acobertar o seu.
- Seu miserável! - disse Alexandre lançando-lhe um olhar de desprezo, enquanto se quebrantava em choro - olha o que eu tive que fazer só pra manter seu plano, seu desgraçado! Por uma droga deritual do demônio... Demônios são vocês, os verdadeiros demônios de terno preto. Desgraçado! Ela era a razão do meu viver... Como eu pude fazer isso meu Deus... - ele não disse mais nada, pois o choro calou sua voz. O homem apenas riu e murmurou:
- Eles sempre dizem isso...
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Enquanto isso na delegacia de onde Alexandre saíra, a repórter dizia olhando para a câmera, emrede nacional.
- Alexandre Nardoni foi transferido para a penitenciária de segurança máxima onde cumprirá toda sua pena...

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